Você já ouviu falar da Escola Peripatética ? Talvez esse termo chame a atenção, por isso inicialmente precisamos entender a etimologia da palavra “Peripatético”. Sua origem é da Grécia antiga e significa “ambulante’ ou ‘itinerante’. Essa escola surge com Aristóteles, um dos mais importantes filósofos gregos, que influenciou fortemente o pensamento ocidental.
Na escola de Aristóteles seus discípulos eram chamados de Peripatéticos porque o filósofo tinha o costume de ensinar ao ar livre. Enquanto caminhavam, discutiam sobre temas diversos durante a aula, percorrendo os jardins do Liceu com seus alunos os acompanhando. Logo esse modelo de educação é também conhecido como escola peripatética de Aristóteles.
Quer saber mais sobre esse modelo de ensino? Leia o artigo até o final e entenda o que é escola peripatética e qual a relevância desse modelo de educação
O Pai da Escola Peripatética
Você pode se perguntar: Escola peripatética quem criou? Saiba que o pai da escola peripatética é Aristóteles (384-322 a.C). Importante filósofo grego, nasceu em 384 a.C. e aos 17 anos foi estudar na academia de Platão, onde permaneceu como membro por 20 anos. Após a morte de Platão, voltou à Macedônia. Essa mudança lhe permitiu ser o tutor de Alexandre, o Grande, por um longo tempo.
Graças a essa tutoria, quando Alexandre, o Grande, tornou-se rei nomeou Aristóteles como chefe do Liceu. Foi nesse momento que ele fundou a Escola Peripatética desenvolvendo ideias que tinham como pilar a lógica que na sua visão servia de instrumento para o pensamento, tendo como objeto de análise o silogismo.
Silogismo é um sistema de argumentações que levam a uma conclusão a partir de premissas que conduzem o pensamento. Exemplo: “Todo homem é mortal. João é homem. Logo, João é mortal.”. Assim, temos duas premissas para então chegar a uma conclusão.
Além disso, Aristóteles desenvolve princípios básicos:
- Princípio da Identidade: A é A
- Princípio da não contradição: X é Y e X não é Y. – Uma mesma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo.
- Princípio do Terceiro Excluído: A é X ou não é X – Para quaisquer proposições há duas possibilidades: ou ela é verdadeira ou é falsa, não há uma terceira possibilidade.
Assim sendo, proposta de Aristóteles é trazer a razão ao pensamento, criando uma argumentação dotada de sentido para quem a está ouvindo.
Além disso, Aristóteles escreveu sobre vários temas como política, ética, biologia, física, sendo o mais importante a Metafísica.
Para aprofundar mais seus conhecimentos sobre o tema em questão, recomendamos a leitura dos seguintes livros:
Escola Peripatética e seu método de ensino
Aristóteles criou uma escola que quebrava os padrões da época, pois o conhecimento era fundamentado a partir de observação e experiências. Um método que foi melhorando com o passar dos séculos, mas que até hoje influencia nosso sistema educativo.
A base do ensino era o debate. Os alunos se sentavam em círculo e discutiam tópicos diversos. Achou similar ao modelo de algumas aulas do período escolar? Sim! Todos nós já tivemos professores que usam esse mesmo método. Aristóteles, por sua vez, caminhava em ambientes diferentes, pois assim conseguia fazer florescer novos pensamentos e ideias que serviam de discussão aos longo das aulas.
Aula de campo, quem não gosta? Sair do ambiente da sala de aula e circular pela escola, fazer passeios, excursões, se sentir livre, respirar novos ares e aprender de uma maneira diferente. Essa era a proposta de Aristóteles, que repercute até hoje como modelo de ensino.
Sua fundamentação estava centrada no pensamento lógico e na capacidade de argumentação. A razão associada à observação seria a fonte para se experimentar hipóteses e assim criar novas teorias e novos conhecimentos.
Outros temas eram debatidos como a ética, política e estética e servem de influência até hoje para a humanidade. Um modelo de ensino aprendizagem que mostrou-se eficaz independente do tempo e espaço. Todos gostam de um debate, querem ter voz e ter a oportunidade de manifestar suas ideias. Esse método de ensino segue influenciando educadores de forma atemporal.
Observação: O termo escola paripatética (singular) ou escolas paripatéticas (plural) é errado, assim o correto é escola peripatética (singular) ou escolas peripatéticas (plural).
Peripatéticos da atualidade
Existe uma série da Netflix chamada Merlí que narra a história de um professor de filosofia à frente do seu tempo. Ele chama seus alunos de peripatéticos e revoluciona uma escola de ensino médio pela sua proposta diferenciada de conduzir o processo de ensino aprendizagem.
Como a proposta de Aristóteles era o debate, o professor Merlí traz à tona questionamentos que envolvem a vida dos jovens, como: relação de pais e filhos, sexualidade, entre outros, que ajudam os estudantes na construção de sua identidade e no posicionamento dentro da sociedade.
A série possui três temporadas e é emocionante cada uma delas! Serve tanto para profissionais de educação, como para adolescentes, pois seu conteúdo aborda as complexas dimensões do indivíduo, suas crises existenciais e a sensibilidade ao enfrentar a realidade.
A Série Merlí faz um convite ao sistema educacional de ensino ao demonstrar que é possível uma escola peripatética na atualidade. Afinal, já faz parte das práticas pedagógicas a proposta com base nas metodologias ativas de colocar o aluno como protagonista do seu aprendizado e, portanto, ser capaz de refletir sobre a realidade da qual faz parte.
Filosofia de Merlí em livro
Se a série Merlí já é um sucesso na Netflix, agora em livro promete ser ainda mais!
Segundo Laizia Santana pedagoga e empreendedora digital: “O livro A Filosofia de Merlí chega às livrarias em uma edição muito especial, bem interativa que vai provocar seus leitores, consequentemente, trazendo aprendizagem, diversão, além disso, contém os melhores momentos dos peripatéticos”.
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Considerações Finais
Embora o nome Escola Peripatética possa ser engraçado para alguns, é na realidade rica de significados pois nos faz um convite a caminhar e refletir a observar o mundo ao nosso redor com uma visão lógica, dotada de argumentos que movam as nossas ações.
Geralmente quando estamos refletindo sobre alguma questão as pessoas costumam dizer que estamos “filosofando”, porque a ação de filosofar está atrelada ao ato de argumentar ou questionar um determinado assunto. Dessa forma, todos podemos ser peripatéticos.
A filosofia nos instiga a estimular nosso pensamento e buscar respostas. Já Aristóteles nos ensina a utilizar a razão para encontrarmos as conclusões adequadas.
Nosso modelo de educação poderia ampliar essa influência da Escola Peripatética e retirar nossas crianças da sala de aula, onde são aprisionadas por quatro horas, para fazer tarefas intermináveis, muitas vezes sem nenhum significado. Imagine uma escola que te convida a pensar, que lhe chama para discutir questões relevantes para a sociedade? Certamente é dessa escola que precisamos!
Dessa forma, a Escola Peripatética se mostra atemporal e como modelo educativo tem muito a nos ensinar, porque promove o diálogo através do debate e ação reflexiva. Como diria Paulo Freire (1980): “O diálogo é o encontro entre os homens, mediatizados pelo mundo para designá-lo”. É nessa relação dialógica que os sujeitos se encontram em busca de conhecimento.
Assim, a Escola Peripatética é um modelo que serve para repensarmos o papel da escola, da sala de aula e da maneira como abordamos os conteúdos, pois professores e alunos são seres aprendizes e devem estar dispostos a debater para questionar o mundo à sua volta.
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