Entenda tendências pedagógicas liberais e progressistas resumo para concurso. Confira!
As Tendências Pedagógicas são um conjunto de pensamentos de filósofos e autores sobre a educação e seu comportamento com a sociedade. Dentre os autores destaca-se Libâneo e Saviani que as dividem em dois tipos: liberal e progressistas.
“[…] O ensino se modifica em decorrência de sua necessária ligação com o desenvolvimento da sociedade e com as condições reais em que ocorre o trabalho docente”.
Consequentemente falar de tendências pedagógicas implica também explicar que a escola e sociedade são indissociáveis, uma reflete a influência da outra. É preciso entender a base ideológica que a escola desenvolve suas atividades, que se adequam ao seu tempo ou momento sociopolítico que está inserida. Toda ação escolar tem intencionalidade.
Compreenda de que maneira a escola é usada para defender e propagar interesses. Interesses de quem? Se ficou curioso, leia até o final deste artigo para descobrir mais sobre as tendencias pedagogicas.
Tendências Pedagógicas Liberais X Progressista
Tipos de tendências pedagógicas
A escola é fruto de um Estado que a utiliza como difusora de sua ideologia, legitimando suas ações a partir da imposição velada de mecanismos de controle social. Tudo o que ocorre na escola faz parte de um projeto educacional. Abrange as esferas municipais, estaduais e federais, com órgãos responsáveis pela regulação dos desempenhos.
Dessa forma, ao longo dos séculos, as instituições de ensino assumem posturas que se adequam às políticas que regem a nação, como um reflexo no espelho. Às vezes o que vemos não é a imagem real, mas uma máscara, que rejuvenesce de tempos em tempos e que por trás tem uma aparência sombria, escondendo velhos mecanismos de controle.
As tendências pedagógicas, enquanto pensamento de filósofos e autores para explicar as práticas escolares as subdivide em dois grupos: Liberais e Progressistas. Ambas têm visões diferentes sobre o papel da escola, do professor, do aluno, do ensino e da aprendizagem.
Podemos visualizar o quadro de tendencias pedagógicas no seguinte esquema:
As tendências pedagógicas liberais enxergam na educação um potencial para desenvolver as aptidões individuais de modo que todos se preparem para atuar na sociedade. A escola serve ao propósito de difundir valores e normas, de modo a moldar os comportamentos a partir de uma padronização de desempenho medidas através de classificação.
As tendências pedagógicas progressistas acreditam que a educação é o fim para que o indivíduo busque sua emancipação. Foca na realidade e a partir dela realiza uma análise crítica da situação social e política que o aluno está imerso para então transformá-la.
Por certo que tais tendências pedagógicas possuem visões antagônicas. A liberal prioriza o acúmulo de conteúdo, o professor transmissor de conhecimento e o aluno passivo que apenas absorve informações para reproduzi-las. Enquanto que a progressista é crítica, o professor é mediador do processo de ensino aprendizagem e o aluno tem voz ativa para construir sua própria identidade.
Principais características das tendências pedagógicas liberais e progressistas
Tendências liberais
Imagine uma sala de aula, com alunos sentados em filas, a professora falando e os alunos olhando para frente em sua direção tomando nota do que é dito. Acredito que todos já passamos por esse tipo de escola. Essa é a tendência tradicional. Sua principal característica é a transmissão de conteúdos, para que o aluno seja preparado para o mercado de trabalho. As aulas são expositivas, o objetivo é o acúmulo de conteúdos e a adequação dos padrões estabelecidos.
Entre as variações da tendência liberal, temos a renovadora progressista colocando o aluno como gestor da sua própria aprendizagem, o foco é aprender a aprender, ou seja, ele precisa fazer para aprender. A escola nova, por sua vez, estabelece que o aluno é o centro do processo de aprendizagem. Desse modo, com uma metodologia que diferente do tradicional, sai do modelo estático para a elaboração de projetos, enfatiza não só o acúmulo de conteúdos, mas também na formação de atitudes.
Por sua vez as tendências pedagógicas tecnicista focam em preparar o aluno para o mercado de trabalho, é um ensino profissional que aborda em técnicas específicas para proporcionar um determinado desempenho. O perigo é o aluno possuir a formação técnica servindo de mão de obra barata e não buscar maiores qualificações como a educação superior, por exemplo.
Tendências progressistas
As características das tendências progressistas estão em entender criticamente a realidade social, pois diverge da visão capitalista do mundo e sua manipulação através das escolas. Entre suas subdivisões, temos a tendência Libertadora ou Pedagogia de Paulo Freire que busca a emancipação do sujeito a partir da consciência sociopolítica, já que esse aluno é visto como um produto que emerge da sociedade.
Freire se torna uma referência mundial, pois além de desenvolver técnicas de alfabetização de jovens e adultos, traz um novo olhar para a sala de aula, baseado numa relação dialógica entre professor e aluno, dando voz ativa e combatendo a educação bancária ou tendência tradicional. Vale a pena a leitura do livro Pedagogia do Oprimido.
De tal linha surge a tendência libertária que busca a autonomia do sujeito na busca pela sua libertação, com foco na autogestão do conhecimento. Dando, assim, aos alunos o poder de escolher o que aprender e ao professor apenas orientá-lo.
A tendência crítico social dos conteúdos vê na escola uma oportunidade de acesso ao saber. Isso porque é uma forma das camadas populares poderem lutar por igualdade social através da máxima: conhecimento é poder. Dentre seus defensores, destaca-se Saviani com a célebre frase:
Assim temos uma escola em constante transformação, com visões de mundo diferentes, movidos por ideologias que lutam entre si, pois há o espírito de inovação e conservadorismo.
Escola e Sociedade
Que tipo de aluno a escola deve formar? A formação do aluno depende de uma série de questões burocráticas regidas por documentos normativos como:
- A LDB 9394/96,
- O currículo,
- A BNCC,
- As Diretrizes Curriculares
- Plano Nacional de Educação.
Existe um processo de burocratização que instituições de ensino e professores devem obedecer. O professor não determina o que o aluno deve aprender. Existe um currículo que segue o padrão dos documentos normativos já citados.
A escola e a sociedade fazem parte dos dois lados da mesma moeda. O que acontece na escola vai interferir na sociedade e vice-versa. Althusser (1970) em seu livro “Aparelhos Ideológicos do Estado” revela que a escola é um dos mecanismos de controle para que a sociedade permaneça dividida em classes sociais.
É evidente que as políticas educacionais vão subsidiar os caminhos traçados para a educação de um país e seu viés ideológico vai mudar de governo a governo, sendo que uns vão investir mais e outros menos. Mas o fato é que a educação prometida na constituição como direito de todos, não é igual para todos.
É nesse sentido que percebemos que o discurso educacional é um reflexo da máscara no espelho, tenta passar uma imagem bonita e de esperança, quando por trás da máscara há uma proposta que não respeita a todos, pois o processo seletivo que acontece nas escolas não leva em conta as dificuldades individuais dos alunos. Sendo assim, aqueles que não se enquadram no padrão são avaliados negativamente.
– Katty Oliveira
Assim a escola torna-se um espaço de segregação onde uns têm êxito e outros não, porém todos vão para a sociedade. Daí surge as diferentes classes sociais, fruto de uma educação seletiva, que determina o que aprender, quando aprender e como aprender.
Força do Estado x Resistência dos Educadores
As tendências pedagógicas mostram de um lado a força do Estado e do outro a resistência dos educadores. O ensino tradicional, conteudista que não te ensina a pensar, mas a obedecer, a seguir um processo de seriação para que todos aprendam as mesmas coisas, do mesmo jeito, para finalizarem a escola no mesmo formato.
Ainda que com discurso bonito e inovador, a tendência da escola é seguir um padrão que é determinado por políticas educativas, estabelecidas por sua vez pela ideologia dominante de uma sociedade capitalista. Infelizmente, onde uma minoria, formada por uma elite dirigente, domina a população.
Ao contrário disso, temos os educadores que resistem que lutam por uma escola mais igual e justa, que foque no desenvolvimento da criticidade, dando voz ativa aos alunos, para que eles possam lutar pelos seus direitos.
Entretanto o professor é colocado em condições adversas, sobrecarregado com um programa extenso, provas, correções, planejamento e prisão ao livro didático. Tudo isso como forma proposital de distração para não se olhar a realidade ao entorno da escola. Darcy Ribeiro afirma que “a crise na educação não é uma crise, é projeto”.
As tendências pedagógicas apontam a força do Estado e a resistência dos professores. Há uma luta por uma educação de qualidade que rompa com padronizações, respeite as individualidades com ações pautadas na coletividade.
Conclusão
Diante do exposto as Tendências Pedagógicas Liberais e Progressistas refletem a dinâmica escolar, de como a educação acontece, levando em conta o processo histórico e social em que está inserida. As instituições de ensino divulgam valores e regras sociais, seguindo a cartilha da elite dirigente que busca um perfil de cidadão para atuar no mercado de trabalho.
Enquanto conjunto de pensamento filosófico de autores que explicam como o processo de ensino aprendizagem acontece, abre possibilidades para o despertar da criticidade e daí a transformação social.
Há duas vertentes: De um lado temos a Liberal (formar sem senso critico) por outro lado a progressista (formar cidadãos conscientes e participativos na sociedade).
Obviamente há o interesse do Estado em não mudar, em deixar tudo como está para que os padrões sigam se reproduzindo, ou seja, que as desigualdades socais continuem delimitando quem domina e quem é dominado. Em contrapartida há os que lutam por uma educação que dê oportunidade a todos de se libertar das amarras da sociedade de classes.
Dessa forma educação não é neutra, segue a ideologia dominante, impondo conceitos para modelar os cidadãos. Por isso, o professor pode utilizar o conhecimento das tendências pedagógicas liberais e progressistas para se posicionar e formar para pensar.
Assim compete aos educadores resistirem, lembrando das palavras de Freire ” a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.
Bons estudos!
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